Dois Papas é uma produção da Netflix com direção do brasileiro Fernando Meirelles. O filme retrata o encontro – fictício – entre o Papa Bento XVI e o Papa Francisco às vésperas da transição do pontificado.
Centrado na atuação das duas figuras papais, a produção rendeu três indicações ao Oscar, Melhor Ator para Jonathan Pryce (Jorge Bergoglio – Francisco I) e Melhor Ator Coadjuvante para Anthony Hopkins (Joseph Ratzinger – Bento XVI), além de Melhor Roteiro Adaptado para Anthony McCarten, autor também do livro homônimo que inspirou o filme.
Inicialmente, Fernando Meirelles foi chamado para fazer um filme apenas sobre o Papa Francisco, mas ele quis focar em algo muito mais interessante: a oposição entre os dois religiosos. É justamente por conta da dialética entre a ideia conservadora e liberal que a produção se torna relevante.
Por um lado, o Papa Bento XVI precisa abdicar de um dos cargos mais importantes do mundo em prol do progresso da sua instituição; já o Papa Francisco tem a missão de modernizar o cargo que ele não quer. Uma coisa é fato: ambos têm muito a nos ensinar sobre gestão e liderança.
1 – Visão
A visão é, talvez, a qualidade mais importante da liderança, pois engloba outros pontos como a missão, propósito e objetivos, permitindo um direcionamento claro e mensurável do futuro desejado e, mais do que isso, necessário.
Bento XVI teve a decisão de deixar o pontificado, algo que não acontecia há 600 anos. Tudo por conta de uma missão clara: resolver os problemas administrativos e escândalos do Vaticano, evitando que a Igreja Católica perdesse fiéis. Nesse momento, Bento teve a visão de que não poderia encontrar uma solução na sua própria administração, portanto deveria renunciar.
A resolução controversa de Bento XVI foi, na realidade, o que ele enxergou que precisava ser feito e a coragem de colocá-la em prática.
2 – Reconhecer limitações
O segundo ponto se relaciona diretamente com o anterior, porque o verdadeiro líder não é aquele que acha que pode fazer tudo, mas sim o que reconhece o que não pode fazer. A partir dessa constatação, busca quem pode ajudá-lo a realizar a questão.
Bento XVI poderia tentar mudar as estruturas internas do Vaticano , mas reconheceu que seus valores, sua forma de administração e a maneira com que os cardeais o viam não iam permitir isso. Além de sua saúde ser um fator limitante para que ele atuasse de forma enérgica.
3 – Recrutamento
A partir da missão de modernizar a Igreja, o Papa Bento precisava traçar o perfil de seu sucessor. Entre as atribuições da liderança, também está encontrar a pessoa certa para exercer determinada função, levando em conta habilidades e qualificação, mas também os valores.
Como o que estava em jogo era uma ruptura de alguns quesitos da cultura organizacional do Vaticano, Bento XVI optou por escolher alguém oposto à ele, alguém que se posicionava contra aspectos tradicionalistas que queria mudar.
Na cena em que Bergoglio conversa com o jardineiro da casa de verão, fica claro que ele possui, justamente, as habilidades que faltam à Ratzinger, como empatia e capacidade de se relacionar, facilmente, com as pessoas e inspirá-las. Portanto, poderia ser um bom líder carismático.
4 – Tolerância
A tolerância é a grande lição do filme, pode – e deve – ser incorporada por qualquer tipo de liderança. Em tempos de cisão e opiniões cada vez mais diversas, conciliar as diferentes visões de mundo em prol de um objetivo comum é uma exigência ao gestor.
Apesar de possuírem perfis, origem, ideias e hábitos totalmente diferentes, os Dois Papas conseguem chegar à um acordo em prol da evolução de sua instituição.
O resultado? Sucesso; Francisco I é considerado referência por sua gestão, economia e pelo foco em enfrentar temas complexos. Sua popularidade, inclusive, ajudou a aumentar a receita de turismo ao Vaticano. Em medida recente, o Papa contratou a primeira mulher para advogar no Secretariado de Estado.
Aqui, sintetizamos uma última lição: bons líderes sabem escolher seus sucessores.
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